
Compreendendo a importância do conteúdo do trabalho e as incongruências frente à necessidade de alinhamento organizacional
Por Cláudio Brunoro Dentro do contexto de uma análise organizacional, um elemento relevante é a compreensão do alinhamento organizacional existente entre as premissas que norteiam a organização (como, por exemplo, seu propósito, missão, visão, etc.) e seu desdobramento para as pessoas que estão na organização. Para ilustrar esta questão, podemos abordar, por exemplo, o sistema de avaliação de desempenho de uma dada organização. Definir metas e avaliá-las é algo necessário e desejável, sendo importante não somente para o negócio em si como também para o indivíduo. Mas a questão principal é: será que o que está sendo avaliado está alinhado com o discurso da organização? Condiz com o que é esperado de cada individuo? Traduz o trabalho e o esforço imprimido? E, mais, o que esta avaliação está induzindo?
Por exemplo, no universo acadêmico, está se tornando cada vez mais frequente o questionamento quanto à qualidade das aulas. Mas, afinal, qual é o trabalho de um professor de universidade? Lecionar, certo? Pesquisar, certo?
Mas se é isso, lecionar e pesquisar, por que será que na maioria das instituições de ensino superior os indicadores quantitativos preponderantes são basicamente relativos a publicações acadêmicas? Ainda, o que será que isso induz? Visto desta forma, a crítica quanto à qualidade das aulas parece ter, entre outros motivos, um indutor proveniente de fatores organizacionais.
Este é um exemplo de incongruência frente à necessidade de alinhamento organizacional. Veja, se o propósito de uma instituição de ensino superior é disseminar o conhecimento, preparar jovens para o mercado de trabalho, entre outras necessidades em âmbito social, toda a instituição deveria estar focada para esta entrega, para esta relação de serviço. Mas, no momento em que o que de fato se oferece neste sentido não é suficiente para prover este serviço com excelência ou, ainda, o que se oferece e se cobra é incongruente, é natural haver uma lenta e silenciosa degradação do que está sendo entregue (neste caso, as aulas). No final das contas, fica o professor, solitário em sua convicção, tentando, no mais das vezes, inovar para que seja possível sair do lugar comum ou para não agir segundo o indutor organizacional preponderante. Mas, em geral, é uma luta solitária, pois não há suporte condizente da instituição, apenas a cobrança por aulas mais criativas e interessantes. Isto é um trabalho de todos os envolvidos, mesmo que indiretamente. Não espaço formal para discutir: “e esta decisão contribui para o processo de ensino e aprendizagem?”. Não precisamos ir muito longe para ilustrar esta situação, bastaria reparar que a maioria das salas de aula são constituídas por “carteiras”, aquelas que têm o braço como mesa preso à cadeira, todas enfileiradas para a lousa.
Além da tradicional aula expositiva (que tem seu valor e em muitos casos é uma excelente forma de conduzir a aula), que tipo de aula esta condição induz? Trabalho em grupo? Dinâmicas interativas? Metodologias ativas de aprendizagem? E repare que falamos somente da sala de aula...
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